segunda-feira, 12 de julho de 2010

Gestão de estoques parte 1

OS ESTOQUES NAS EMPRESAS
O estoque, visto como um recurso produtivo que no final da cadeia de suprimentos criará valor para o consumidor final tem um papel muito importante nas empresas.


2.1 FUNÇÃO E TIPOS DE ESTOQUES
Os estoques funcionam como reguladores do fluxo de negócios (Martins; Alt, 2000). Esse fluxo de negócios pode ser entendido como a entrada e saída de materiais ou produtos da empresa. Bertaglia (2003) explica que a formação do estoque está relacionada ao desequilíbrio existente entre a demanda e o fornecimento. Assim, quando o ritmo de fornecimento é maior que a demanda, o estoque aumenta. Quando o ritmo da demanda supera o fornecimento, o estoque diminui, podendo faltar material ou produto. E é esse desequilíbrio entre a taxa de demanda e a taxa de fornecimento que torna o estoque necessário, pois como coloca Bertaglia (2003) se as taxas fossem iguais, não haveria necessidade de estoque.
Os estoques podem ser classificados em cinco grandes categorias (MARTINS e ALT, 2000, p. 136):

 Estoques de matérias-primas: São todos os itens utilizados nos processos de transformação em produtos acabados. Todos os materiais armazenados que a empresa compra para usar no processo produtivo fazem parte do estoque de matérias-primas, independentemente de serem materiais diretos, que se incorporam aos produtos finais, ou indiretos, que não se incorporam ao produto final. Assim, matéria-prima pode ser um componente de alta tecnologia, como por exemplo, um computador de bordo para aviões, ou mesmo um pedaço de madeira a ser utilizado na embalagem de um produto ou uma graxa para o mancal de uma certa máquina ou equipamento.

 Estoques de produtos em processo: Correspondem a todos os itens que já entraram no processo produtivo, mas que ainda não são produtos acabados. São os materiais que começam a sofrer alteração sem, contudo, estar finalizado.

 Estoques de produtos acabados: São todos os itens que já estão prontos para serem entregues aos consumidores finais.

 Estoques em trânsito: Correspondem a todos os itens que já foram despachados de uma unidade fabril para outra, normalmente da mesma empresa, e que ainda não chegaram ao seu destino final.

 Estoques em consignações: São os materiais que continuam sendo propriedade de fornecedor até que sejam vendidos. Em caso contrário, são devolvidos sem ônus.

Dias (1993) acrescenta o estoque de peças de manutenção, que têm a mesma importância da matéria-prima, já que a falta das peças de manutenção no estoque podem também acarretar a interrupção da produção e logo, perda ocasional da encomenda ou até mesmo do cliente.

2.2 PRESSÕES PARA MANUTENÇÃO DE BAIXOS NÍVEIS DE ESTOQUES
Partindo do pressuposto que os estoques são também uma forma de desperdício, eles devem ser reduzidos ou eliminados a um mínimo possível.
Segundo Martins e Alt (2000) existem muitas medidas que podem ajudar a reduzir inventários. As principais são melhorar a precisão, em termos de quantidades e prazos, das previsões de vendas, reduzir os ciclos de manufatura e conseguir parcerias com os fornecedores, para ter melhores preços e condições de pagamento (prazos), além de qualidade assegurada.
O housekeeping e o modelo dos 5S’s são exemplos de metodologias que podem ajudar a empresa na tarefa de manter o inventário em nível ideal, eles ensinam como manter a limpeza e organização do local de trabalho. Outras medidas, ainda, seriam (MARTINS e ALT, 2000, p. 148):
 Redução dos prazos de reaprovisionamento por parte dos fornecedores (JIT);

 Aumento da produtividade de todos os setores, inclusive da gerência;

 Eliminação, em todos os setores e em todas as funções, das atividades que não agreguem valor ao produto;

 Estabelecimento de estoques de segurança mínimos e realistas – é preciso medi-los sempre e agir imediatamente para corrigir distorções (inventários permanentes e PDCA);

 Introdução do gerenciamento por atividades – para isso, pode-se usar o custo ABC como instrumento de reengenharia de processos e de resizing da empresa;

 Balanceamento entre ser um bom fornecedor para seu cliente e um gerador de lucros para sua empresa. Sempre pensando: “Se a empresa fosse minha, eu gostaria este dinheiro desta forma?”.

2.3 PRESSÕES PARA MANUTENÇÃO DE ALTOS NÍVEIS DE ESTOQUES
A vantagem de altos níveis de estoque está direcionada, sobretudo, para o pronto atendimento ao cliente, evitando-se desse modo, prejuízo à empresa pelo não-atendimento de um pedido (MARTINS; ALT, 2000).
Segundo Martins e Alt (2000) os principais itens responsáveis por elevados estoques são: Matéria-prima e material em processo não necessários ao balanceamento ótimo do ciclo de produção e produto acabado que não possa ser vendido ou acima do nível necessário para satisfazer a futura demanda e a capacidade de produção.
O fato é que, como colocam esses autores, muitas empresas não percebem que estão trabalhando com inventários muito acima do ideal, e quando se dão conta, não conseguem entender a origem do problema.
Diversas áreas na empresa, segundo Martins e Alt (2000, p. 151) podem elevar em excesso o inventário, como a área de marketing, que tem interesse no aumento de vendas; a área de engenharia, quando faz modificações de produto que levam à criação de refugos ou materiais obsoletos; a área de suprimentos, quando não consegue obter materiais dentro das condições de preço e qualidade acertados, quando permite entregas de materiais antes do prazo acertado com o cliente ou quando aceita constantemente pedidos não programados, nesses casos, além do aumento do nível, também o custo do inventário de eleva; e por último, os gerentes também podem causar aumento excessivo do inventário quando falham ao considerar o custo do dinheiro, ou quando só se preocupam com os níveis de inventários na época do balanço anual, ou ainda quando deixam refugos e materiais obsoletos se acumularem sem um plano de ação para dispor deles.

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